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Você Precisa Derrubar o Muro
Mas, ao invés disso, você continua colocando os tijolinhos...
Muita gente estuda por vários anos e segue empacado na hora de falar inglês…
E o curioso é que, na maioria das vezes, o problema não é o vocabulário.
Não é a gramática.
Não é nem o sotaque.
O problema é o muro.

Um muro invisível, construído aos poucos, tijolo por tijolo, cada tijolo feito de um erro que alguém julgou, de uma correção seca que doeu, de um olhar que disse “você falou errado”.
E, assim como na música do Pink Floyd, cada tijolo parece proteger... mas na verdade isola.
Até que o aluno está lá, do outro lado do muro, cercado de palavras que sabe, mas que nunca diz.
Porque ele aprendeu que é melhor ficar calado do que errar.
Eu vejo isso todos os dias.
Alunos que conseguem entender tudo, mas se calam quando a conversa começa.
Gente que escreve frases perfeitas no papel, mas perde a voz no primeiro “How are you?”.
E o mais triste é que eles acham que precisam estudar mais.
Mais palavras, mais aulas, mais gramática.
Mas o problema nunca foi falta de conhecimento.
Foi excesso de autocobrança.
E esse excesso tem um preço alto: ele rouba a espontaneidade, o prazer e, principalmente, a coragem de errar.
O erro, no inglês, é tratado como inimigo.
Mas em qualquer idioma, é justamente o erro que constrói o caminho da fluência.
Você aprendeu português errando, lembra?
Falando “pexe” em vez de “peixe”, “ploblema” em vez de “problema”.
E ninguém te parou.
Mas, no inglês, parece que há um fiscal da perfeição esperando o momento em que você vacila em alguma pronúncia pra te sentenciar: “Você ainda não sabe falar.”
Então você se cala.
E o muro cresce.

Tem um trecho de Another Brick in the Wall que sempre me faz pensar nisso:
We don't need no education. We don't need no thought control.
Não é sobre rejeitar o aprendizado, mas sobre questionar o sistema que mata a naturalidade.
Aquela sensação de que você precisa “falar bonito” pra ser ouvido, quando na verdade só precisa ser você, com sotaque, erros e tudo.
A verdadeira fluência não nasce quando você domina o idioma.
Ela nasce quando você se liberta dele.
Quando entende que o inglês é uma ponte, não uma prova.
Deixa eu te contar algo que poucos professores admitem:
A maioria dos alunos que “trava” não tem problema técnico.
Tem problema emocional.
E é aqui que muita gente erra o diagnóstico.
O aluno acredita que a trava vem da falta de vocabulário.
Mas, quando você o coloca numa conversa real, ele entende tudo, só não fala.
Por quê?
Porque em muitos casos o cérebro dele foi treinado pra evitar o julgamento, não pra se comunicar.
Existe uma parte do cérebro chamada amígdala, responsável por detectar perigo.
Quando você pensa em falar inglês, e já imagina que pode errar, a amígdala acende o alarme.
Seu corpo entende: “perigo à vista.”
E aí você sente o famoso frio na barriga, o coração dispara, a voz falha...
Mas o curioso é que o “perigo” não é real.
Não há tigre te perseguindo.
Só a lembrança de uma vergonha antiga, talvez aquela vez em que alguém riu do seu sotaque, ou corrigiu seu “th” com desprezo.
A mente grava: “falar inglês = dor.”
E, a partir daí, cada tentativa vira ameaça.
É por isso que a coragem de errar é a base da fluência.
E não é uma metáfora.
É fisiologia.
Quando você se permite errar, de verdade, o cérebro começa a reprogramar essa resposta.
Ele entende: “falar inglês = aprendizado, não dor.”
E quanto mais você repete essa experiência, mais natural se torna.
Até o momento em que o erro perde o peso.
E o inglês deixa de ser uma prova pra se tornar uma extensão da sua voz.

Pense em uma criança aprendendo a andar.
Ela cai dezenas de vezes.
Mas nunca diz: “acho que andar não é pra mim.”
Ela simplesmente tenta de novo.
Por que nós, adultos, esquecemos isso?
Porque fomos condicionados a vincular erro com fracasso, e não com progresso.
E esse condicionamento está presente em cada “desculpa” que você dá antes de falar inglês:
“Meu inglês ainda é básico.”
“Faz tempo que não pratico.”
“Eu entendo, mas não falo.”
Tudo isso é uma forma sofisticada de dizer:
“Eu ainda estou atrás do muro.”
Mas aqui vai o ponto mais libertador:
Você não precisa saber mais inglês pra sair dele.
Você só precisa parar de tentar ser perfeito.
E sim, eu sei que isso soa fácil demais.
Mas não é.
Porque parar de buscar perfeição é, na verdade, um ato de coragem.
É dizer pra si mesmo:
“Eu aceito ser vulnerável enquanto aprendo.”
E isso exige mais força do que qualquer verbo irregular.
Um relatório do Cambridge English em parceria com o British Council analisou mais de cinco mil estudantes e descobriu que aqueles que priorizavam a comunicação e não a perfeição, evoluíam até quatro vezes mais rápido.
Resultado?
Eles erravam mais, mas se comunicavam melhor.
Porque, no fundo, a língua é uma ferramenta social, de comunicação
Ela não existe pra provar conhecimento (exceto na escola rsrs)
Existe pra criar conexão.
E ninguém se conecta com quem tem medo.
Quando você entende isso, o jogo muda.
A gramática continua importante.
Mas ela vira apoio, não prisão.
Você começa a usar o inglês pra viver e não pra se testar.
A cada conversa, uma nova rachadura aparece no muro. Até que, de repente, você percebe: ele já caiu.
E do outro lado, não há um “falante perfeito”.
Há alguém livre.
Talvez você não precise estudar mais.
Precise sentir menos medo.
O medo de parecer ridículo.
O medo de não ser bom o bastante.
O medo de que seu sotaque revele que você é brasileiro.
Mas, quer saber?
É justamente esse sotaque que conta sua história. É o som de alguém que decidiu não se esconder mais.
Falar inglês com sotaque não é erro.
É identidade.
E fluência não é sobre esconder quem você é, é sobre deixar o mundo ouvir sua voz, sem filtro.

O muro que te separa da fluência não é feito de palavras desconhecidas.
É feito de palavras não ditas.
E a única forma de atravessá-lo é falando.
Errando.
Rindo.
Continuando.
Assim como na música do Pink Floyd, o momento da libertação vem quando você percebe:
“Hey teacher, leave them kids alone.”
Ou, traduzindo pra sua jornada:
“Hey medo, me deixa tentar.”
Porque você não precisa de mais inglês.
Você só precisa parar de se esconder atrás dele.
Do lado de cá…
O que eu mais ouvi essa semana 🎶: TrapSoul mix
O que estou lendo 📖: Tribes - Seth Godin
O que assisti 📺️: SharkTank Brasil 10th Season
🗣️ Estratégias práticas para desenvolver fluência em inglês, dicas de pronúncia e métodos eficazes para sair da estagnação no aprendizado.
✏️ Escrita por: Leandro Craig (@leandro.speaking).
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