Já teve a sensação de que o inglês “vem atrasado”?

Mas pra entender isso, a gente precisa dar um mergulho...

Tipo... você entende o que a pessoa fala, monta a resposta na cabeça, traduz cada pedacinho, escolhe as palavras, confere a gramática e, quando finalmente vai falar... o assunto já mudou.

É como correr atrás de um trem que acabou de sair da estação.

E o mais curioso é que o problema não é o inglês.
É o idioma que você usa pra pensar.

Falar inglês pensando em português é como viver dentro de um sonho dentro de outro sonho.

E “inception” é um dos meus filmes favoritos rsrs…

Você tá ali, tentando se comunicar, mas antes de abrir a boca já tá em outra camada da realidade.

Traduzindo, ajustando, testando… e perdendo o instante.

Enquanto você busca a palavra certa, o tempo real da conversa segue.
E, quando você “acorda”, a pessoa já mudou de assunto.

É isso que eu chamo de atraso invisível.

Ninguém te avisa que ele existe.

Mas é ele que te impede de se sentir fluente, mesmo quando você já sabe o que quer dizer.

Eu vejo isso o tempo todo.

Alunos inteligentes, dedicados, que estudam há anos, mas ainda falam como se tivessem um “filtro” entre o pensamento e a fala.

Eles entendem, mas não respondem com naturalidade.

É como se o cérebro precisasse pedir autorização pra cada palavra atravessar a fronteira.

“Posso sair em inglês, chefe?”
“Espera, deixa eu ver se está certo primeiro...”

E, nesse tempo, a fluência evapora.

Nunca o final de um filme me deixou tão pistola quanto esse…

Mas e se eu te dissesse que esse atraso pode ser mitigado?

Ele é o resultado de como você aprendeu inglês e de como o cérebro humano foi programado pra proteger você do desconforto.

Sim.

Seu cérebro não está te sabotando.
Ele está tentando te proteger.

Mas pra entender isso, a gente precisa dar um mergulho, igual no filme Inception.

Camada por camada.

No filme Inception, Dom Cobb (o personagem do Leonardo DiCaprio) entra na mente das pessoas pra plantar ideias.

Mas o truque é: quanto mais fundo ele vai, mais difícil é distinguir o que é real e o que é sonho.

Com o inglês, acontece algo parecido.

Você vive há anos dentro da “camada” do português.

Seu cérebro pensa, sente e reage nesse idioma.

Então, quando tenta falar inglês, é como se estivesse sonhando dentro de outro sonho.

Você tenta acordar, mas a mente te puxa de volta:

“Traduz isso primeiro.”

E pronto, o atraso começa.

A questão é que nem sempre a frase que você julga como correta em português vai seguir a mesma estrutura, regras, e ritmo… Existem várias estruturas in English que a gente mal consegue traduzir pra português…

Esse jogo de tradutor é impossível de vencer!

Camada 1: o português é o seu modo padrão.

É a língua do instinto, das emoções, das memórias.

Camada 2: o inglês é o sistema novo, racional, ainda inseguro.

Você precisa “lembrar” das regras pra se sentir seguro.

E entre uma camada e outra…
O tempo se distorce.

Na vida real, isso se manifesta assim:

Alguém pergunta “So, how was your weekend?”
Você pensa “Como foi meu final de semana?”

E aqui começamos a mergulhar nas camadas…

“A frase tá no passado”
“Eu fui no cinema com meus amigos”
“Como que é o passado do GO mesmo? É irregular?”
“Mas se fui ‘com meus amigos’ o que eu faço com o verbo?”
“Qual o pronome certo pra falar deles?”
“Ah, eu vou só falar que foi bom... Não vou me complicar…”

Aí tenta traduzir: “It was good”

Mas o processo é tão lento que parece que você está sempre um segundo atrasado.

E além disso, essas respostas muito breves são as maiores inimigas de uma conversa natural (como falamos logo nas primeiras aulas do Conversation Strategies) 😉

E esse segundo, esse pequeno atraso, é o que separa o inseguro do fluente natural.

O que quase ninguém te conta é que a fluência é um reflexo, não uma tradução.

Seu cérebro precisa entender que pensar em inglês não é “fazer o mesmo raciocínio em outro idioma”.

É acessar o mundo de outro jeito.

Quando você pensa em português, você pensa com a lógica do português.

Quando pensa em inglês, o raciocínio muda, a estrutura muda, a emoção muda, até o ritmo do pensamento muda.

Mas pra isso acontecer, você precisa soltar o controle.

Lembra da cena de Inception em que o Cobb diz que o subconsciente sempre tenta “corrigir” o ambiente quando alguém tenta interferir no sonho? (é spoiler, I know, mas segue o raciocínio rsrs)

É o que o seu cérebro faz com o inglês.

Ele tenta “corrigir” tudo pra deixar o ambiente seguro… Ou seja, pra trazer de volta ao português.

Mas, quanto mais você tenta controlar, mais o sonho colapsa.

Mais você trava.

A fluência, assim como a lucidez no sonho, vem quando você confia no processo.

Quando para de tentar “controlar” e apenas experimenta.

Quando entende que o Inglês não funciona da mesma forma que o português, e os padrões de comunicação são diferentes entre os dois idiomas!

E aqui entra um ponto fascinante:

O cérebro humano processa seu idioma nativo de uma forma ligeiramente diferente do que faz com outros idiomas aprendidos ao longo da vida.

Fonte: MIT

Mas conforme você pratica pensar em inglês (não só traduzir), essas áreas começam a se sobrepor.

É como se o inglês começasse a morar no mesmo andar do português.

A comunicação fica mais rápida, mais intuitiva, mais emocional.

E sabe o que é bonito nisso?

É que essa transição não é um ato de estudo.
É um ato de prática e entrega.

Quando você começa a sonhar em inglês ou quando percebe que reagiu a algo com um pensamento em inglês, significa que a “inserção” funcionou.

O inglês deixou de ser uma “matéria” e virou parte de quem você é.

E isso não acontece no dicionário.

Acontece no cotidiano:

  • Quando você fala sozinho no espelho sem traduzir.

  • Quando assiste a um filme sem legenda e entende o contexto, não as palavras.

  • Quando começa a rir de uma piada em inglês antes de perceber que riu.

Esse é o ponto de virada: o momento em que o idioma para de ser um sonho e começa a ser realidade.

Mas pra chegar lá, você precisa romper o ciclo do controle.

A mente quer segurança.
Mas o idioma exige vulnerabilidade.

Você só vai “pensar em inglês” quando aceitar errar em inglês e entender os padrões de comunicação desse novo idioma que está aprendendo.

Porque enquanto tentar traduzir tudo pra não errar, vai continuar atrasado.
Mas quando errar com naturalidade, vai começar a falar no tempo certo.

A fluência acontece como resultado.

O atraso invisível que rouba sua fluência não é o tempo da fala.
É o tempo da dúvida.

Aquele espaço entre o pensamento e a ação.

Entre o que você quer dizer e o que você se permite dizer.

E esse tempo, quando somado a cada conversa perdida, vira uma vida de silêncio.

Você não precisa “acordar” de um sonho pra falar inglês.

Só precisa decidir que ele já é real.

A partir de agora, toda vez que for falar e sentir vontade de traduzir, lembra da cena do pião em Inception.

Aquele momento em que você não sabe se ainda está sonhando.

Ali, Cobb percebe que a realidade não depende do pião.

Depende dele aceitar o que sente.

Com o inglês é igual.

Você não precisa ter certeza se está “pensando certo”.

Precisa apenas continuar.

E, um dia, vai perceber que o inglês está fluindo e nem sabe quando a transição aconteceu.

A fluência não é um lugar.

É um estado.

E ela começa quando você para de traduzir o mundo e começa a senti-lo direto em inglês.

Do lado de cá…

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  • ✏️ Escrita por: Leandro Craig (@leandro.speaking).

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